MILITO TAMBÉM É CULPADO PELOS MAUS RESULTADOS

Por Leandro Perché

Após o surpreendente empate com o CRB pela Copa do Brasil na última semana, em que o futebol apresentado pelo Galo deixou a desejar, alguns comentaristas eximiram Gabriel Milito da culpa, apontando o dedo para erros individuais na marcação – que culminaram nos dois gols dos alagoanos – e para problemas de finalização do ataque alvinegro.

Sim, grande parcela de culpa é de alguns jogadores, que não têm atuado muito bem, demonstrando, em alguns momentos, falta de atenção na marcação, ou de capricho na frente. No entanto, o resultado do final de semana – derrota para o Criciúma – mostra que quem escala e define o esquema tático também é culpado.

Claro que não estamos pedindo a cabeça do treinador, afinal, já mostrou ser um grande estudioso do futebol e já teve resultados e atuações convincentes. Embora, muitas vezes, escale os jogadores certos, é questionável algumas funções táticas definidas em determinadas partidas.

Um exemplo disso, no jogo anterior, foi o Alonso escalado como zagueiro pela esquerda, acertadamente, mas que atuou quase o primeiro tempo inteiro e parte do segundo no campo de ataque, deixando a defesa desguarnecida – Bolasie deitou e rolou daquele lado – apesar de ter, para atacar daquele lado, Arana e Alan Franco. Nos contra-ataques, com Alonso vendido, Otávio tinha que recuar para formar a linha de defesa com Battaglia e Saravia, e acabou até tomando um cartão amarelo por parar um ataque perigoso nas costas do paraguaio.

Outra opção questionável é a utilização de Bernard caindo mais pela direita. Em entrevista na zona mista para este jornalista, quando perguntado sobre sua adaptação, o meia admitiu se sentir mais confortável pela esquerda, onde jogou a maior parte da carreira. Além disso, muitas vezes, a gente vê o Scarpa afunilando ou até jogando não tão aberto, embolando na meia direita com o Bernard. Não seria mais interessante tentá-lo na esquerda – na posição que vem atuando Alan Franco, fazendo dobradinha com o Arana por aquele lado?

Outra eterna bronca da torcida é com o Battaglia atuando de zagueiro. Não que ele não possa jogar nessa posição de vez em quando, ou que ele comprometa, mas, com a contratação de dois especialistas da posição não seria interessante utilizá-lo de volante ao lado do Otávio? Milito alega que se sente seguro com ele por ali, e enaltece sua saída de bola. No entanto, o Galo tem tomado muitos gols (lembrando que ele não jogou contra o CRB) e, na última partida, por exemplo, o argentino teve dois erros de passe que quase culminam em gol do adversário.

* Posicionamento contra o Criciúma. Alonso bem adiantado, sobrecarregando Otávio, como volante-zagueiro; e Scarpa afunilando, ocupando a mesma faixa que Bernard*

Há vários outros exemplos que podemos utilizar, como o posicionamento de Paulinho, às vezes, ponta esquerda, outras, voltando para buscar jogo como um meia pelo meio, sendo que o melhor do camisa 10 sempre foi atuando mais próximo do gol, ao lado do Hulk. Agora, com a contratação de Deyverson, que é centroavante de ofício, esse posicionamento de Paulinho, será mais utilizado, por necessidade e, por isso, vou parar de “cornetar” por enquanto.

Posto esse pequeno desabafo/reflexão, ainda confio no trabalho de Gabriel Milito e acredito que o Galo tem tudo para beliscar um título neste ano, tanto pela qualidade de seu elenco quanto pela mentalidade de seu treinador. Só peço encarecidamente, Gabi, que não tente jogar tanto em função do adversário – como disse que foi surpreendido pelo Corinthians – mas que busque um equilíbrio em relação ao posicionamento e a função em que os jogadores se sintam mais à vontade e têm mais condições de apresentar seu melhor futebol.

No mais, é vencer o CRB quarta e o time azul no sábado. Eu tenho certeza! Um abraço e viva o Galo!

* Foto de capa: Caca Viglioni