A SAF E O FUTEBOL DO INTERIOR.

Atualidades Esportes

POR: ANTÔNIO VITAL

A Sociedade Anônima do Futebol (SAF) é uma modalidade empresarial criada pela Lei 14.193/2021, que visa estimular a transição dos clubes de futebol da condição de associação civil sem fins lucrativos para uma estrutura empresarial. Conhecida como Lei da SAF, essa legislação incentiva a formação de clubes-empresa, que passam a contar com normas específicas de direção, controle e financiamento adaptadas à atividade futebolística.

Embora a adoção desse modelo não seja obrigatória, muitos clubes tradicionais e historicamente superendividados têm optado por essa solução, além de incentivar a criação de novas “empresas” no universo do futebol.

Passada essa introdução conceitual, surge uma reflexão importante: o que o futebol do interior, especialmente o de Minas Gerais, tem a ver com a SAF?

Minas Gerais representa 9,4% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, sendo o terceiro maior do país. Trata-se de um estado rico, com 853 municípios — o maior número no Brasil — e uma extensão territorial expressiva. Apesar de todos esses atributos econômicos e geográficos, o futebol mineiro, especialmente o do interior, ainda não alcança o mesmo protagonismo que outros estados.

Santa Catarina, por exemplo, conta com clubes como Criciúma, Chapecoense, Joinville e Brusque; o Rio Grande do Sul tem o Juventude; e o Paraná destaca-se com Londrina e Operário. Enquanto isso, Minas Gerais ainda luta para consolidar seus clubes interioranos no cenário nacional.

Um exemplo promissor é a SAF do Athletic Club, de São João del-Rei, que já garantiu sua vaga na Série B do Campeonato Brasileiro de 2025 e tem obtido resultados expressivos nos campeonatos mineiros. Contudo, com os recursos e o potencial existentes em Minas, é possível sonhar mais alto: com clubes interioranos brilhando em competições nacionais e desafiando a hegemonia das equipes da capital.

Vale lembrar que, embora a transformação em clube-empresa traga benefícios, ela não é a solução definitiva para todos os problemas do futebol. Muitos dos clubes que optaram pela SAF estavam em situação pré-falimentar, como é o caso do Cruzeiro. Ainda assim, o apelo econômico de regiões específicas de Minas pode atrair investidores interessados em apostar no desenvolvimento do futebol local.

A SAF é um modelo novo, e o que é novo naturalmente desperta incertezas. Mas também traz esperanças. Que o futebol mineiro, em especial o interiorano, possa encontrar nesse formato a força necessária para crescer e conquistar novos horizontes. Dias melhores podem estar a caminho.

 

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